sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Busca pelo Perdão




"Mestre Jesus, perdoa-nos porque tantas vezes não sabíamos o que fazíamos.
Meu relato é o da dor de quem já perdoou, mas que ainda sofre por consequência de erros passados. Numa época que desejo esquecer, tive momentos de felicidade em localidade próspera, não atinando com o infortúnio que me rondava as portas.

Uma doce ilusão de felicidade embalava meus dias, quando, num dia triste, descobri que era portador de perniciosa doença. Com o tempo, passei a amargar dores físicas atrozes, porém as dores morais foram maiores ainda, não cicatrizando perfeitamente após tanto tempo.

Abandonado por esposa e filhas, fiquei completamente só. Não compreendi tal atitude por parte de criaturas tão amadas e protegidas por mim. Permaneci longo tempo em penúria, com a morte a perscrutar-me os passos, até que, enfim, recebi a liberdade.

Saí de meu corpo, transformado em catre mal cheiroso, para uma luz suave. Era a luz dos justos, pois estava debitando uma dívida milenar, que contraíra em encarnação remota para com aqueles seres que me abandonaram. Elas, infelizes, não souberam perdoar-me, deixando-me entregue à própria sorte. O dever delas era amparar-me, pois também guardavam culpas pretéritas para com o meu espírito. Éramos, pois, um grupo de almas com pesadas dívidas entre si. Naquela oportunidade, o que eu devia a elas, quitei com mérito. Aprendi a amá-las e respeitá-las, mas não recebi de volta o mesmo sentimento que nutria.

Naquela vida, aos primeiros sinais da doença que me atingia, a lepra, fui enxotado como a um cão. Elas, percebendo que eu não me afastava muito de nossa morada, desesperaram-se e fugiram para longe, fazendo com que eu as perdesse de vista. Só e com a doença a carcomer minhas entranhas, fui repudiado por toda a comunidade. Então, afastei-me para as montanhas, onde desencarnei solitariamente.

Quando de posse de minhas plenas faculdades espirituais, compreendi a tudo.
Penalizei-me profundamente das criaturas que eram objeto do meu amor e que tinham a missão de amparar-me até o fim. Pobres almas ainda tão apegadas aos bens do mundo! Eu nada exigiria delas. Apenas satisfazia-me em contemplá-las a certa distância, porém o horror e a repugnância que a doença causava, fez com que elas fugissem. Caminharam sobre o mundo com a consciência a acusá-las. Por fim, passaram a odiar-me, pois a imagem do homem já velho, com as lesões da lepra, as perseguia em suas mentes.
Aquela vida seria a coroação de um processo cármico-evolutivo para o nosso grupo, contudo a minha então esposa e filhas ainda não haviam me perdoado de verdade. Por isso, não levaram a bom termo suas missões na época. Hoje, estas personagens ainda me buscam em seus inconscientes. Algumas estão reencarnadas, outras permanecem no plano astral sofrendo pelo remorso à busca do meu perdão. Não sabem elas, que há muito as perdoei e velo com carinho os seus passos. Porém, aos culpados a Lei não permite que enxerguem a verdade, enquanto a própria consciência grita em reprovação. Que o Auxílio Divino desfaça o véu que lhes encobre os corações, permitindo que elas encontrem a paz".  Galileo 10/05/1995
(Espiritos diversos, Depoimentos do além, p. 48)

Quando não conseguimos perdoar enquanto seguimos juntos pela vida enquanto encarnados, somos chamados, após o desencarne, pela própria consciência e com a permissão de Deus, ao arrependimento e à reparação.