domingo, 23 de junho de 2013

A Lei de Amor


"O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu
ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra -
amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem." (Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap XI, item 8) 


O texto é claro "...quando instruido e depurado, tem sentimentos".É o que falta ao povo brasileiro: instrução e  amor! mais  instrução para fazer valer os seus direitos e amor para  não ser obrigado a  isso!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

FÁBULA SIMPLES


"Quando o diamante já talhado se abeirou da pedra preciosa, saída de cerro áspero, clamou, irritadiço:
_ Que coisa informe! Rugosidades por todos os lados!... Que farei de semelhante aborto da Natureza?
E roçou, com superioridade, sobre a pedra bruta.
A pobrezinha, mal saída do solo em que dormira por milênios, sentindo-se melindrada, tentou reclamar; entretanto, ao observar o clivador, cheio de esperança na utilidade que ela podia oferecer, calou-se.
Findo o dia, o operário recebeu o salário que lhe competia e contemplou-a, tomado de gratidão.
A pedra intimamente compensada, esperou.
No dia seguinte, veio o martelo cônico e, desapiedado, riu-se dela, exclamando:
_ Nariz de rochedo, quem teria o mau gosto de aperfeiçoar-te? Porque a infelicidade de entrar em comunhão contigo, seixo maldito?
O cristal sofredor ia revidar, mas vendo que o trabalhador, que mobilizaria a massa contra ele, o mirava com enternecimento, preferiu silenciar, entregando-se paciente à nova operação de lapidagem.
Sabendo, em seguida, que o operário obtinha, feliz, substanciosa paga, reconheceu-se igualmente enriquecido.
Mais tarde, apareceu o pó de diamante, que gritou, irônico:
_ Porque a humilhação de trabalhar essa pedra amarelada e baça? Quem teria descoberto esse calhau feio e desvalioso?
A pedra ia responder, protestando; contudo, reparou que o lapidário a fixava com respeito, denotando entender-lhe a nobreza interior, e, em homenagem àquele silencioso admirador de sua beleza, emudeceu e deixou-se torturar.
Quando o lapidador recolheu o pagamento que lhe cabia, deu-se ela por bem remunerada.
Logo após chegou a mó de polir, que falou, mordaz:
_ Esta velha cristalização de carbono é indigna de qualquer tratamento... Que poderá resultar dela? Porque perder tempo com este aleijão da mina?
A pedra propunha-se aclarar a situação; contudo, notando a jubilosa expectativa do artífice, que lhe identificara a grandeza, aquietou-se, obediente, e suportou com calma todos os insultos que lhe foram desferidos sobre as faces, até que o próprio polidor a acariciou, venturosamente.
Sem perceber-lhe o valor, o diamante talhado, o martelo, o pó de diamante e a mó viram-na sair, colada ao coração do operário, em triunfo, permanecendo espantados e ignorantes, na sombra da suja caverna de lapidação em que a presença deles tinha razão de ser.
Passados alguns dias, a pedra convertida em soberbo brilhante foi engastada no cetro do governador do seu país natal, passando a viver, querida e abençoada, sob a veneração de todos.
Se encontras-te no mundo criaturas que se fizeram diamante descaridoso, martelo impiedoso, pó irônico ou mó sarcástica sobre o réu coração, suporta-as com paciência, por amor daqueles que caminham contigo, e espera, sem desânimo, porque, um dia,
transformada a tua alma em celeste clarão, virás à furna terrestre agradecer-lhes as exigências e os infortúnios com que te alçaram à glória dos cimos". (Irmão X, Fábula simples,lç 2.)

A beleza da alma não está na aparência física.