sábado, 27 de julho de 2013

Acerca da aura humana

Meus amigos:
Para alinhar algumas notas acerca da aura humana, recordemos o que seja irradiação, na ciência atômica dos tempos modernos.
Temo-la, em nossas definições, como sendo a onda de forças dinâmicas, nascida do movimento que provocamos no espaço, cujas emanações se exteriorizam por todos os lados.
Todos os corpos emitem ondulações, desde que sofram agitação ou que a produzam, e as ondas respectivas podem ser medidas pelo comprimento que lhes é característico, dependendo esse comprimento do emissor que as difunde.
A queda de um grânulo de chumbo sobre a face de um lago, estabelecerá ondas diminutas no espelho líquido, mas a imersão violenta de um calhau de grandes proporções criará ondas enormes.
A quantidade das ondas formadas por segundo, pelo núcleo emissor, é o fenômeno que denominamos freqüência, gerando oscilações eletromagnéticas que de fazem acompanhar da força de gravitação que lhes corresponde.
Assim é que cada corpo em movimento, dos átomos às galáxias, possui um campo próprio de tensão e influência, constituído pela ondulação que produz.
Para mentalizarmos o que seja um campo de influência, figuremo-nos uma lâmpada vulgar. Toda a área de espaço clareada pelos fótons que arroja de si expressa o campo que lhe é próprio, campo esse cuja influência diminui à medida que os fótons se distanciam do seu foco gerador, fragmentando-se ao infinito.
Qual ocorre com a matéria densa, sob estrita observação científica, nosso espírito é fulcro de criação mental incessante, formando para si mesmo um halo de eflúvios eletromagnéticos, com o teor de força gravitativa que lhes diz respeito.
Nossos pensamentos, assim, tecendo a nossa auréola de emanações vitais ou a ondulação que nos identifica, representam o campo em que nos desenvolvemos.
Mas se no físico a agitação da matéria primária pode ser instintiva, no plano da inteligência e da razão, em que nos situamos, possuímos na vontade a válvula de controle da nossa movimentação consciente, auxiliando-nos a dirigir a onda de nossa vida para a ascensão à luz, ou para a descida às trevas.
Sentimentos e idéias, palavras e atos são recursos íntimos de transformação e purificação da nossa esfera vibratória, de conformidade com a direção que lhes imprimimos, tanto quanto as dores e as provas, as aflições e os problemas são fatores externos de luta que nos impelem a movimento renovador.
Sentindo e pensando, falando e agindo, ampliamos a nossa zona de influência, criando em nós mesmos a atração para o engrandecimento na Vida Superior, ou para a miséria na vida inferior, segundo as nossas tendências e atividades para o bem ou para o mal.
Enriqueçamo-nos, pois, de luz, amealhando experiências santificantes pelo estudo dignamente conduzido e pela bondade construtivamente praticada.
Apenas dessa forma regeneraremos o manancial irradiante de nosso espírito, diante do passado, habilitando-nos para a grandeza do futuro.
Constelações e mundos, almas e elementos, todos somos criações de Deus, adstritos ao campo de nossas próprias criações, com o qual influenciamos e somos influenciados, vivendo no campo universal e incomensurável da Força Divina.
Se nos propomos, desse modo, aprimorar nosso cosmo interior, caminhando ao encontro dos tesouros de amor e sabedoria que nos são reservados, sintonizemos, no mundo, a onda de nossa existência com a onda do Cristo, e então edificaremos nas longas curvas do tempo e do espaço o atalho seguro que nos erguerá da Terra aos pináculos da gloriosa imortalidade". F. Labouriau ( Diversos espíritos, Vozes do grande além, p. 13 )

 A escolha é nossa! 
Viver em sintonia com a "onda do Cristo" é seguir o seu Evangelho, é viver o bem e praticar o bem. Assim poderemos ampliar o "manancial irradiante do nosso espírito."
  

terça-feira, 16 de julho de 2013

O Nobre



"Sou um viajante cansado pelas inúmeras peregrinações terrenas. Muitas vidas vivi e sofri, aprendendo aos poucos a arte da convivência pacífica. Em passado distante andei por trilhas espinhosas, cometendo excessos que ainda hoje me provocam arrependimentos.
Contudo, estas experiências foram válidas, porque só conhece o caminho correto aquele que prova o fel das contrariedades. Tenciono que os irmãos da Terra aproveitem para meditar, sobre uma parte de minha senda evolutiva, que vou narrar.
Numa de minhas passagens terrenas mais marcantes, provoquei a vergonha de meus iguais, por amar a uma criatura que julgavam pertencer a uma classe inferior. Meus familiares mostraram-se totalmente contra a minha aproximação de humilde moça, trabalhadora braçal em nossa rica casa. Ainda como hoje, o preconceito era comum em toda a parte, naquela época.
A jovem que me encantou tinha olhos da cor do céu, com longos cabelos cacheados, emoldurando uma face rosada. Parecia um anjo. Eu era um moço fogoso de modos impulsivos e me deixei apaixonar por ela arrebatadoramente. Atirei-me no objetivo de conquistá-la, ocultamente, até que cedesse as minhas investidas. Pouco tempo depois, ela ficou grávida.
Olhares acusatórios lançaram-se sobre mim, e para desgraça maior da bela moça, eu reneguei a paternidade, embora gostasse dela. Lembro-me ainda hoje, com tristeza, a expressão de espanto em seu rosto a fitar-me, diante da minha negativa. Eu era fraco para lutar contra a ordem natural das coisas naqueles tempos e, covardemente, permiti que a expulsassem de nossa casa. Era costume antigo repudiar mulheres grávidas que não tivessem esposo.
Senti remorsos por um tempo, mas, leviano, terminei por esquecer o fato, abafando repetidamente as lembranças que queriam vir à tona. Não tive coragem nem para ajudá-la às escondidas, deixando-a sofrer as mais diversas intempéries da vida e da sociedade cruel, até que a perdi de vista.
Por longas décadas apenas recordava vagamente aquela doce figura, tão bela quanto indefesa. Então, meus cabelos encaneceram, mas uma imagem fugidia da moça ainda persistia. Anos mais tarde, tornei-me um velho.
Num dia que não posso esquecer, bateu à minha porta uma senhora. Seus olhos, já os conhecia, embora não conseguisse fixar a quem pertencessem. Seus lábios finos e os cabelos cacheados não me eram estranhos. Era bela, apesar da idade avançada, e fitava-me sem emitir nenhuma palavra. Eu estava atônito, pois começava a perceber quem era. Sim! A jovem de quem eu me enamorara em tempos idos.
Não sabendo o que fazer, pedi-lhe que entrasse e tomasse assento em confortável poltrona da rica sala adornada. Seus olhos pregados nos meus, falavam por si só. Não havia acusação neles, apenas uma melancolia sem fim. Após instantes angustiantes, perguntei-lhe o que desejava. O silêncio perdurou ainda, perturbando-me sobremaneira, até que, por fim, seus lábios mexeram-se. Contudo, o som da sua voz não se fez ouvir. Estava muda em decorrência da emoção. Lágrimas começaram a correr pelos seus olhos e isto já valia, para mim, como mais que mil palavras. Enquanto isso, um aperto em meu coração aumentava, até chegar ao ponto em que eu não podia mais respirar. Então, desfaleci. Não despertaria mais naquele corpo físico. A grande transformação chamada morte havia se dado.
Do outro lado da vida, ouvia acusações constantes. A minha consciência bradava resoluta contra meus erros. Permaneci longos anos num estado de desequilíbrio, causado pelo remorso que explodia em minha alma. Somente após passar por um grande desgaste, uma alma bondosa pôde acolher-me sob sua tutela. Ela explicou-me que, apesar de eu ser um devedor renitente, o Pai Maior sempre nos dá novas oportunidades.
A princípio, não compreendi bem do que se tratava, mas, após alguns esclarecimentos, entendi que as portas da reencarnação abririam-se para mim. Só então, apercebi-me que dura missão havia por realizar, pois seria pai de muitas crianças e estava fadado ao abandono por parte da mãe dos meus filhos. Ficaria com a responsabilidade quase total pela criação e educação dos pequenos.
Atendi contrito à minha boa alma guia, apesar de receoso, já que sabia serem escassas a determinação necessária e a disciplina para suportar as rígidas condições monetárias, sob as quais renasceria. Com este estado de espírito lancei-me à nova experiência.
Em singela casa renasci. Minha mãe era pessoa sofrida e marido não tinha mais.
Cresci, observando-a labutar com extrema dificuldade na manutenção de seus filhos. Portanto, tive um bom exemplo desde a infância, aprendendo a trabalhar duramente para auxiliar a todos.
Atingindo a maioridade, conheci moça leviana com a qual me uni prematuramente, trazendo mais uma vida ao mundo. A jovem tinha um espírito aventureiro, constantemente sumindo de casa, para depois retornar sempre maltrapilha e necessitada de cuidados. Eu, como tinha a consciência pesada em relação ao meu passado espiritual, estava mais humilde, acolhendo-a de volta todas às vezes.
Com o passar dos anos, a pobre criatura deu-me mais três filhos, partindo em seguida para não mais retornar. Trabalhando sob duras provações, fui vencendo obstáculos até que cumpri a minha obrigação de pai, transformando as crianças em pessoas adultas de bem.
Curvado pela idade e algumas mazelas físicas, desencarnei sob o carinho dos quatro entes que criei, deixando saudades na Terra. Uma vez no plano espiritual, o meu passado foi esclarecido devidamente. A minha bela alma guia tornou a me acolher, desta feita com uma ternura ainda maior, pois eu havia resgatado com louvor as faltas pretéritas, e também conduzido corretamente a educação de quatro seres humanos no mundo. Descobri que a infeliz mulher que me havia sido esposa e mãe de meus filhos nesta última vida material, estava vagando em planos inferiores, mergulhada nas trevas da sua própria consciência, há alguns anos. Penalizei-me dela, a quem eu nunca cheguei realmente a odiar. Para meu espanto, soube que ela houvera sido a filha que não assumi na minha penúltima existência terrena, quando abandonei levianamente sua mãe, a jovem com os olhos da cor do céu.
Hoje, compreendo o quanto são intrincadas as situações que provocamos com atitudes desvairadas. A impunidade não existe e os resultados negativos de nossos erros sempre retornam a nós, no tempo devido. Espero que a lição pela qual passei seja útil para quem vir a ler esta mensagem, principalmente àqueles que caminham na Terra encastelados dentro do próprio egoísmo, enceguecidos pelas sensações, e escravizados pelo ócio.
A humildade é a fonte da vitória sobre os instintos grosseiros, porém muitas vezes são necessárias duras provações até que sejamos humildes. Esforcem-se para desenvolver esta virtude, evitando todo mau proceder, pois assim se preservarão das fortes algemas que nos prendem à dor, resultante da Lei de Ação e Reação. Enquanto à retaguarda estiverem seres nos cobrando justiça, não seremos livres para evoluir para o infinito Amor de Deus".
(Diversos espíritos, Depoimentos do além, p. 50-51)


Heveremos um dia de reconhecermos os nossos erros. Só o amor nos levará a corrigi-los sem a imposição da dor.