"Retorno
hoje à Terra com grande satisfação e com o coração aberto para servir aos
irmãos do caminho, através de uma experiência de vida que tive no passado.
Em
tempos idos, estive presente no mundo físico com o nome de conhecido rei. Como
não compreendia as necessidades do próximo, não dava importância a queixas e
lamúrias diversas, que chegavam até a mim. Levava uma vida extremamente luxuosa
e tinha tropas e guardas pessoais à disposição, para protegerem-me de quaisquer
contrariedades. Não concebia perdoar e, muito menos, auxiliar a alguém que não
pudesse me propiciar um retorno, seja político ou monetário. Muitas mulheres de
grande beleza estavam sempre a minha volta, prontas a atenderem-me ao menor
anseio.
Atingi
idade madura já entediado da hipocrisia dos homens e da bajulação excessiva.
Em
verdade, eu era um escravo da aristocracia da época. Era manipulado pelos
homens de maior influência daquela sociedade. Apercebendo-me disso, resolvi
dificultar toda e qualquer facilidade, com as quais as classes dominantes
estavam acostumadas. Editei leis e modifiquei normas centenárias. Queria
afrontar aos ímpios e aos falsos. Contudo, meus sentimentos não eram o que se
pode chamar de “ideais nobres”. Apenas constituíam uma reação contra uma
subjugação sutil a qual era submetido. Então, passei a ser vítima de armadilhas
e desassossegos constantes, até que encontrei a morte através de um
envenenamento bem acobertado, de forma que a população não pudesse se aperceber
da verdade dos fatos.
Acreditou-se
que tive morte natural fulminante, de origem desconhecida. Não cogitaram
envenenamento ou usurpação de poder.
Assim,
fui posto no túmulo e rapidamente esquecido. Não encontrei serviçais ou
regalias no além-vida. Não mais cantos, festas e acepipes. Somente a morte fria
e úmida me esperava. Longo tempo passei, debatendo-me à busca de solução para
as dores atrozes nas vísceras, corroídas pelo veneno. Minha garganta seca
implorava por água. Que triste fim que não terminava!
Após
este período, lamúrias passaram a chegar aos meus ouvidos. Gritos de dor
repulsivos clamavam justiça ao rei. Não podia entender bem o que havia. Meus
guardas não estavam lá para afastar os desgraçados pedintes. Pude mesmo
reconhecer alguns antigos milicianos que, agora, lançavam-se contra mim sarcásticos.
Orei! Sim, orei fervorosamente pela primeira vez, considerando tanto o período
de minha vida material, como o tempo após o meu desenlace. E meus apelos
atingiram ouvidos piedosos, que, prestos, vieram recolher-me a uma casa de
caridade.
Eu
tinha vestes em frangalhos e pés descalços. Não me reconheceram como rei que
havia sido, mas tratavam-me como irmão em Cristo. Para mim era completamente
novo sentir-me entre pessoas realmente amigas. Não existia, naquele lugar
humilde e asseado, a hipocrisia dos pomposos aposentos reais e dos salões de
festas da nobreza. Atentei para o fato de que sabiam o meu nome, mas não me
chamavam pelo título que tivera no mundo. De início, pensei em reclamar a minha
posição, mas o meu coração fez com que a minha boca calasse. Estava sendo
socorrido por almas caridosas e isso devia me bastar. Esta foi a grande lição a
qual não me esqueci após tanto tempo: a humildade sempre encontra guarida por
parte de Deus.
Espero
que a minha história contribua para abrandar os corações endurecidos, das
pessoas que caminham neste planeta ainda tão cheio de dores. Que os irmãos
encarnados possam se lembrar de mim quando o orgulho assomar em vossos
sentimentos, ou quando a vaidade quiser sobrepujar a humildade. Na Terra fui um
dia exaltado, mas no espaço sofri humilhação para alcançar a Verdade. Por isso,
bendigo o abandono e as dores as quais fui submetido, pois, desta forma, meu
orgulhoso espírito se dobrou às necessidades de evolução". 08/05/1995
(Espíritos diversos, Depoimentos do além, p. 44-45)
A realidade é que todos somos iguais perante Deus.
Não importa poder, riqueza, classe social, cor da pele.
No plano espiritual não há distinção , pois que sermos recebidos conforme nossos atos durante nossa estada enquanto encarnados.
As nossas atitudes determinam a vida que teremos após a morte.