"Salve
Cristo! Benditos são aqueles que trabalham em Seu Nome! Estou aqui para deixar
minha mensagem.
Num
passado já distante, quando envergava o denso traje de matéria, não sabia qual destinação
me reservava o futuro. Na vida além da morte eu nunca havia pensado. Naquele tempo,
eu usava uma pesada armadura de guerra, tendo como inseparável companhia uma longa
espada. Lutava sem preocupação de morrer. Simplesmente lutava. Causava inveja aos
companheiros de batalha, pelo vigor com que me entregava tanto à tarefa de
combater, como a de viver a vida. Trazia sempre alerta a espada afiada, que era
tão cortante como as palavras que saíam de minha boca. Contudo, a robustez do
corpo e a forte personalidade não me protegeram da dureza da vida. Conheci a
morte num dia infeliz.
Estava
morto, mas ainda vivia, agindo de conformidade com a minha vida terrena. Eu acreditava
estar ainda usando um corpo de carne e osso, imaginando que apenas havia me ferido
na última batalha. Na minha ótica, bastaria recuperar-me dos ferimentos, que
desta vez pareciam ser um pouco mais graves, voltando a uma vida normal.
Encontrando
pessoas conhecidas e novos amigos com ideias semelhantes as minhas, continuei a
fazer as mesmas coisas de antes, após um período de recuperação. Comia, bebia, atacava
e defendia. Porém, não entendia uma coisa. Às vezes encontrava-me com algum antigo
companheiro e, ao tentar travar uma conversa, não recebia resposta. Quando
retornava a certos lugares que havia frequentado, muitos não me reconheciam.
Esbravejei inúmeras vezes com colegas de estima, que não me davam atenção.
Estaria eu ficando louco, ou os outros haviam ficado? Com este estado de
espírito, num dia de maior turbulência interior, revi as cenas da batalha em
que havia sofrido o grave ferimento. Parecia um sonho ruim. Vi o sangue jorrar
e, cambaleante, caí. Na verdade, agora percebia que a minha cabeça havia sido esfacelada.
Meu corpo no chão era pisoteado por homens e cavalos. Na sequência, me vi sendo
posto numa vala comum, juntamente com outros homens sem vida. Finalmente
entendi, com grande terror, que havia morrido. Enjoei-me e desfaleci, voltando
à consciência num local limpo, sob os cuidados de um venerando senhor. O bom
homem explicou-me acerca da vida e da morte, instruindo-me sobre o renascimento
na terra em um novo corpo, para continuar um processo de evolução rumo à
perfeição do espírito. Ouvi verdades completamente novas para mim, as quais
jamais suspeitava existirem, percebendo quão estúpida havia sido minha última
passagem pela Terra. Então, após um período de aprendizagens, armei-me de
coragem e renasci.
Retornei
em lar humilde e, ainda jovem, ingressei numa comunidade religiosa. Eu queria
aprender as coisas do espírito. Nesta oportunidade, tive uma vida proveitosa,
onde aprendi princípios básicos de ética e religião. A partir deste ponto, na
minha escalada evolutiva, passei a desvencilhar-me das tribulações provocadas
por estilos de vida primordialmente materialistas. Passei a caminhar com passos
mais firmes em busca de mim mesmo, ou seja, da luz que habita o interior.
Hoje,
sou grato ao Senhor por poder partilhar um pouco da minha experiência, com aqueles
que estão no mundo apenas para pensar e sentir as coisas materiais, como eu no passado.
Meus irmãos: busquem somente a essência das experiências na Terra, evitando
todo o tipo de apego pelas pessoas e bens. Não vivam apenas para os sentidos,
pois o destino que o Pai Maior nos oferece é infinitamente belo. Existimos para
eternamente aprender e evoluir, e não para sermos escravos de coisas menores
que a vida física pode nos fornecer. Fomos criados para um futuro muito mais
brilhante, por isso evitemos ficarmos presos ao solo terrestre. Sejamos sempre
úteis, mesmo que ocupando uma posição bastante humilde, porque uma palavra de
estímulo ou um sorriso muitas vezes são capazes de curar feridas profundas.
Tenham
fé no Amor e na Justiça perfeitos que provêm do Criador! Cada um de nós foi
criado por Amor e para o Amor".
Otaviano
21/04/1995
(Diversos Espíritos, Depoimentos do além p. 31- 32)
O entendimento de que tudo
continua após a morte, traz para o desencarnado certa tranquilidade quanto à vida
futura.
Compreende que a assistência
de Deus é para todos sem distinção, basta pedir reconhecendo que precisa de
ajuda.
Os débitos do passado serão ressarcidos compulsoriamente nas próximas
reencarnações.