sábado, 27 de outubro de 2012

Um Soldado Renovado



"Salve Cristo! Benditos são aqueles que trabalham em Seu Nome! Estou aqui para deixar minha mensagem.
Num passado já distante, quando envergava o denso traje de matéria, não sabia qual destinação me reservava o futuro. Na vida além da morte eu nunca havia pensado. Naquele tempo, eu usava uma pesada armadura de guerra, tendo como inseparável companhia uma longa espada. Lutava sem preocupação de morrer. Simplesmente lutava. Causava inveja aos companheiros de batalha, pelo vigor com que me entregava tanto à tarefa de combater, como a de viver a vida. Trazia sempre alerta a espada afiada, que era tão cortante como as palavras que saíam de minha boca. Contudo, a robustez do corpo e a forte personalidade não me protegeram da dureza da vida. Conheci a morte num dia infeliz.
Estava morto, mas ainda vivia, agindo de conformidade com a minha vida terrena. Eu acreditava estar ainda usando um corpo de carne e osso, imaginando que apenas havia me ferido na última batalha. Na minha ótica, bastaria recuperar-me dos ferimentos, que desta vez pareciam ser um pouco mais graves, voltando a uma vida normal.
Encontrando pessoas conhecidas e novos amigos com ideias semelhantes as minhas, continuei a fazer as mesmas coisas de antes, após um período de recuperação. Comia, bebia, atacava e defendia. Porém, não entendia uma coisa. Às vezes encontrava-me com algum antigo companheiro e, ao tentar travar uma conversa, não recebia resposta. Quando retornava a certos lugares que havia frequentado, muitos não me reconheciam. Esbravejei inúmeras vezes com colegas de estima, que não me davam atenção. Estaria eu ficando louco, ou os outros haviam ficado? Com este estado de espírito, num dia de maior turbulência interior, revi as cenas da batalha em que havia sofrido o grave ferimento. Parecia um sonho ruim. Vi o sangue jorrar e, cambaleante, caí. Na verdade, agora percebia que a minha cabeça havia sido esfacelada. Meu corpo no chão era pisoteado por homens e cavalos. Na sequência, me vi sendo posto numa vala comum, juntamente com outros homens sem vida. Finalmente entendi, com grande terror, que havia morrido. Enjoei-me e desfaleci, voltando à consciência num local limpo, sob os cuidados de um venerando senhor. O bom homem explicou-me acerca da vida e da morte, instruindo-me sobre o renascimento na terra em um novo corpo, para continuar um processo de evolução rumo à perfeição do espírito. Ouvi verdades completamente novas para mim, as quais jamais suspeitava existirem, percebendo quão estúpida havia sido minha última passagem pela Terra. Então, após um período de aprendizagens, armei-me de coragem e renasci.
Retornei em lar humilde e, ainda jovem, ingressei numa comunidade religiosa. Eu queria aprender as coisas do espírito. Nesta oportunidade, tive uma vida proveitosa, onde aprendi princípios básicos de ética e religião. A partir deste ponto, na minha escalada evolutiva, passei a desvencilhar-me das tribulações provocadas por estilos de vida primordialmente materialistas. Passei a caminhar com passos mais firmes em busca de mim mesmo, ou seja, da luz que habita o interior.
Hoje, sou grato ao Senhor por poder partilhar um pouco da minha experiência, com aqueles que estão no mundo apenas para pensar e sentir as coisas materiais, como eu no passado. Meus irmãos: busquem somente a essência das experiências na Terra, evitando todo o tipo de apego pelas pessoas e bens. Não vivam apenas para os sentidos, pois o destino que o Pai Maior nos oferece é infinitamente belo. Existimos para eternamente aprender e evoluir, e não para sermos escravos de coisas menores que a vida física pode nos fornecer. Fomos criados para um futuro muito mais brilhante, por isso evitemos ficarmos presos ao solo terrestre. Sejamos sempre úteis, mesmo que ocupando uma posição bastante humilde, porque uma palavra de estímulo ou um sorriso muitas vezes são capazes de curar feridas profundas.
Tenham fé no Amor e na Justiça perfeitos que provêm do Criador! Cada um de nós foi criado por Amor e para o Amor".
Otaviano 21/04/1995
 (Diversos Espíritos, Depoimentos do além p. 31- 32)

O entendimento de que tudo continua após a morte, traz para o desencarnado certa tranquilidade quanto à vida futura.
Compreende que a assistência de Deus é para todos sem distinção, basta pedir reconhecendo que precisa de ajuda.
Os débitos  do passado serão  ressarcidos compulsoriamente nas próximas reencarnações.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Suicida Inconsciente



"Irmão, bato a sua porta não com o intuito de causar confusão. Estava, já há algum tempo em tua casa, à espera de uma chance para me comunicar. Sei que minha presença não é muito agradável para você. Há pouco percebi que, quando me aproximo mais, posso te causar náuseas e, por isso, pretendo ser breve o quanto possível. Estou aqui devido ao auxílio de um guardião. Foi ele que me trouxe até a sua residência. Não quero tomar seu tempo inutilmente.
Preciso contar o que se passou comigo ao chegar do lado de cá da vida.

Perdi o corpo carnal pelos excessos cometidos em minha vida material, sobretudo com o álcool. Sou um suicida inconsciente e deixei a matéria há pouco tempo. A corrosão dos meus órgãos internos, durante a minha vida física, ainda se reflete no meu ser, perturbando me muito. Quando as lembranças são mais fortes, minhas pernas tremem e a cabeça roda.

Estou em tratamento numa grande casa de saúde que existe aqui no plano espiritual. Como era muito apegado ao plano terreno, necessito estar em contato com pessoas como você, que são capazes de filtrar certas mazelas de desencarnados em desequilíbrio. Não sei ainda explicar como acontece, mas noto claramente um alívio em minha alma. O guardião ampara-me e diz que seu corpo é capaz de purificar o meu. Também explica, que estou recebendo ajuda em decorrência da Misericórdia Divina e que posso ser útil narrando a minha história, o que realizo de bom grado. Já compreendi que minhas faltas são débito pesado e que poderei neutralizá-las fazendo o bem. Que Deus o abençoe. Por favor, ore por mim."
                                                                                                 Alfredo 09/09/1998

Obs.: Na literatura espírita, os desencarnados denominados “suicidas inconscientes” são aqueles que perderam suas vidas através de abusos cometidos contra o corpo físico, seja por excessos alimentares, uso de drogas ou de outras formas, sem que tivessem a intenção exata e consciente de provocar a morte, isto é, de cometerem o suicídio.
(Diversos Espíritos, Depoimentos do além, p. 26)

O nosso corpo é uma dádiva de Deus. 
Cabe a nós cuidar dele  como um bem precioso.
 Os excessos de qualquer natureza podem leva-lo à extinção das forças vitais, por isso é considerado suicida  todo aquele que de uma forma ou de outra prejudica o próprio corpo, seja por excessos ou falta de cuidado.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Fanatismo Religioso


 Quero relatar a minha última passagem pela Terra e vou usar a plena verdade para isso.
Pertenci a um agrupamento de fanáticos religiosos, que localizava as suas atividades em paragens bem além de vosso país. Ainda hoje, recordo em cores muito vivas as atrocidades cometidas em nome de Deus. Vivíamos com a única intenção e objetivo de propagar nossas verdades pessoais para o mundo, considerado por nós como pagão. Quem não comungava de nossas interpretações das escrituras sagradas, não era considerado tão filho de
Deus como nós, sendo muitas das vezes tachado como inimigo.
Além dos ensinamentos de nossa doutrina, estudávamos outras religiões, buscando comprovação da superioridade das ideias que regiam a nossa seita. Um ponto central era o da Justiça Divina. Éramos rígidos defensores do “olho por olho, dente por dente”. Embora a Bíblia não fosse o nosso livro sagrado, algumas passagens deste antigo texto eram bem aceitas por nosso grupo.
Aqueles que combatiam ostensivamente os nossos preceitos eram, sem a menor dúvida ou questionamento, contrários a Deus. Deveriam, por isso, serem convertidos à força, ou simplesmente eliminados caso rejeitassem a conversão.
Após muitos anos de luta contra outras formas de pensamento, a nossa seita adquiriu muitos adeptos. Com o crescimento, passou a fustigar novas regiões à busca de expansão.
Porém, encontramos outra seita cuja doutrina apresentava algumas diferenças com relação a nossa. Os integrantes deste outro grupo detinham o mesmo fanatismo que nós e o choque foi inevitável. Com os mesmos aspectos de brutalidade com que executávamos nossos adversários, nós fomos destruídos.
Nós vagamos por muito tempo no mundo, sem a roupagem física, revoltados com o nosso destino. Encontramos amparo longe de nossa terra natal, numa organização do plano espiritual situada sobre a vossa nação.
Recebemos esclarecimentos acerca da necessidade de perdoar, evitando o julgamento dos semelhantes conforme a severa lei de Talião. Muitos de nós rejeitamos de pronto a sugestão recebida, pois não se desejava abrir mão da vingança, como forma de justiça permitida por Deus. Eu fui um dos que cedeu neste ponto de vista e hoje tenho a tarefa de resgatar meus antigos companheiros, que permanecem vagando pela Terra, agora tentando
inspirar homens encarnados para que aceitem estes ideais menos nobres. Trabalho incessantemente para apagar da minha consciência os erros do passado. Tenho ainda muito que caminhar na senda da evolução.
Aprendi dolorosamente que alcançar a Deus não é possível através do ódio e rancor ao próximo. Isto não é servir a Deus. O extremismo e a intolerância religiosos, ou de qualquer outra espécie, são contra a Lei de Amor, que é a base de tudo. Se não podemos ainda amar o semelhante, creio que devemos pelo menos respeitá-lo, para que este respeito possa crescer e um dia transformar-se no amor pregado por todas as religiões verdadeiras do planeta.
Um amigo espiritual  16/05/1995
(Diversos espíritos, Depoimentos do além p. 23-24)
Errar é humano.
Reconhecer o erro e concertá-lo, é nobre, dá provas de humildade,
uma das virtudes mais difíceis de se conseguirem...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O POLÍTICO


“Irmãos, meu nome na Terra foi adjetivo de morte e desventura. O desassossego foi meu companheiro fiel de jornada, nesta minha última passagem pelo mundo. Provoquei múltiplas desordens e sofri duro castigo devido ao julgamento de minha própria consciência.
Ela acusou-me tenazmente por tempos que pareciam ser eternos.
Confundi civilizar com conquistar e manter a ordem com massacrar. Na minha sede de poder, instiguei o ódio ao invés da tolerância, jogando homens contra homens. Enfraquecer pela desunião para obter vitória, era a minha forma de agir preferida, com a qual usurpei posses alheias e amealhei poder, o que custou inúmeras vidas e a felicidade de muitos.
Permaneci todo o meu tempo na Terra, buscando o domínio sobre os mais fracos e a enganar os fortes, para atingir objetivos de cobiça e de uma vaidade desenfreada. Eu desejava profundamente ser idolatrado, o que me levou à perdição.
Após minha passagem para o mundo dos mortos, sofri perseguições de adversários revoltados e de homens comuns, os quais sobrepujei com o uso da inteligência, de modo vil.
Espero ter aprendido a dolorosa lição e agora tenciono que este relato sinalize, claramente, o perigo que há em agir mal, sobretudo para aqueles que trilham o mesmo caminho que percorri recentemente. Desejo que os governantes de toda espécie não esqueçam que o túmulo é rumo inevitável aos mortais, e que, após a transição natural da morte, nos defrontamos cruamente com as nossas dúvidas e fraquezas. Não se engana a própria consciência, nem se acoberta a verdade com falácias ou promessas mentirosas. A utopia ou a mentira não têm guarida do lado de cá da vida.
Sigo hoje, com passos trôpegos, à busca de equilíbrio e de uma nova meta para a minha alma. Tenho sede de realizar algo de bom, com que possa realmente me orgulhar.
Tenho sede da Verdade. Não quero mais que me julguem virtuoso ou competente, quando não possuir tais boas características. Desejo apenas ser reconhecido como trabalhador honrado.
Ainda agora, desequilibro-me ao recordar os sentimentos que alimentaram minha última personalidade terrena. Por isso, rogo a todos que vierem a ler esta mensagem, que possam emitir pensamentos de estímulo para com a minha pessoa. Peço que evitem a indiferença ou a franca reprovação. Explicaram-me, onde estou, que o perdão é o passo inicial para a recuperação dos faltosos de qualquer espécie. Sem o perdão, não estaremos fortalecidos o suficiente para reencetar uma nova tentativa de aprendizado.
Assim, despeço-me reiterando meus pedidos de boas vibrações e desejando que minhas palavras sejam também esclarecedoras e úteis a todos.” 15/05/1995 (Espíritos diversos, Depoimentos do alem, p. 21)

A responsabilidade é proporcional ao poder.
O destaque do cargo significa trabalho em beneficio da comunidade.
O olhar egoísta que motiva o político irresponsável, o leva prontamente a deslizes e facilidades que a posição oferece cada vez maiores, de consequências danosas para si e para comunidade a que representa.