"Quantos venham a ler a mensagem constante
deste capítulo, decerto nem de longe experimentarão a surpresa de nosso grupo,
em cuja intimidade Cerinto, o amigo
espiritual que no-la transmitiu, caminhou, pouco a pouco da sombra para a luz.
A princípio era um Espírito atrabiliário e
revoltado, chegando mesmo a orientar vastas falanges de irmãos conturbados e
infelizes, ainda enquistados na ignorância.
Discutia acerbamente. Criticava.
Blasfemava.
De nossos entendimentos difíceis, manda a
caridade que nos detenhamos no silêncio preciso.
Surgiu, porém, o dia em que a influência
de nossos Benfeitores Espirituais se revelou plenamente vitoriosa.
Cerinto modificou-se e transferiu-se de
plano mental, marchando agora ao nosso lado, sedento de renovação e luz como
nós mesmos.
Foi por isso com imensa alegria que lhe
registramos a comovente rogativa, por ele pronunciada em nossa reunião da noite
de 24 de novembro de 1955.
Senhor de Infinita Bondade.
No santuário da oração, marco renovador do
meu caminho, não Te peço por mim, Espírito endividado, para quem reservaste os
tribunais de Tua Excelsa Justiça.
A Tua compaixão é como se fora o orvalho
da esperança em minha noite moral, e isto basta, ao revel pecador que tenho
sido.
Não Te peço, Senhor, pelos que choram.
Clamo por Teu amor e benefício dos que
fazem as lágrimas.
Não Te venho pedir pelos que padecem.
Suplico-Te a bênção para todos aqueles que
provocam sofrimento.
Não Te lembro os fracos da Terra.
Recordo-Te quantos se julgam poderosos e
vencedores.
Não intercedo pelos que soluçam de fome.
Rogo-Te amor para os que lhes furtam o
pão.
Senhor Todo-Bondoso!...
Não Te trago os que sangram de angústia.
Relaciono diante de Ti os que golpeiam e
ferem.
Não Te peço pelos que sofrem injustiças.
Rogo-Te pelos empreiteiros do crime.
Não Te apresento os desprotegidos da
sorte.
Sugiro Teu amparo aos que estendem a
aflição e a miséria.
Não Te imploro mercê para as almas
traídas.
Exorto-Te o socorro para os que tecem os
fios envenenados da ingratidão.
Pai compassivo!...
Estende as mãos sobre os que vagueiam nas
trevas...
Anula o pensamento insensato.
Cerra os lábios que induzem à tentação.
Paralisa os braços que apedrejam.
Detém os passos daqueles que distribuem a
morte...
Ajuda-nos a todos nós, filhos do erro,
porque somente assim, ó Deus piedoso e justo, poderemos edificar o paraíso do
bem com todos aqueles que já Te compreendem e obedecem, extinguindo o inferno
daqueles que, como nós, se atiram desprevenidos, aos insanos torvelinhos do
mal!..."
(Diversos Espíritos, Vozes do grande além, p. 08)
Todos
nós, por mais emperdenidos no erro que sejamos,
teremos
chance de reparação.
Não
existe condenação eterna, graças a Deus!