quinta-feira, 19 de julho de 2012

O MÉDICO


 “Nasci em 1820, na terra chamada Brasil. Fui educado em França, acostumando-me ao bom vinho e às pessoas de “alta estirpe”.

Quando retornei às terras tropicais de origem, surpreendi-me com os homens de pele escura, escravizados de forma tão vil. Já no porto onde desembarquei, tive grande má impressão, ao ver os negros carregando pacotes sob os impropérios de capatazes de pouca gentileza. Contudo, não demorei muito a acostumar-me à situação, pois revoltar-me era esforço demasiado para mim, um homem de ‘fino trato’. Voltei para a soberba fazenda de minha família, envergando o título de doutor da ciência médica. Tal fato era para mim de pouca valia, porque o dinheiro era farto e real vocação para a profissão eu não tinha.

Conheci minha amada alma gêmea numa tarde de verão, sob a sombra de árvores frutíferas, ao redor da casa de meus genitores. Era doce figura, bela como o sol da manhã. O amor que sentia por ela era profundo, em nada parecendo com a superficialidade que cultivava em terras europeias. Pela primeira vez, nutri um sentimento forte o suficiente para me arrebatar. A correspondência de minhas intenções logo se fez e nos amamos por alguns meses, como num sonho excelente. Porém, suprema desgraça! A tuberculose maldita roubou meu amor de meus braços, qual foice a podar tenro broto indefeso. Desolado, afoguei minha grande e funda mágoa nas noitadas e casas da vida. Miserável, espoliei os recursos paternos até a última gota e, quando dei por conta, já era um pária tuberculoso. Perdi minha vida e, para cúmulo de desgraça, caminhei perdido por longos anos à busca da razão do meu ser. Um nada foi o resultado dos meus ingentes esforços, pois encontrei-a na forma de uma criança. Ela estava reencarnada.

Como não poderia mais tê-la, então continuei minha peregrinação, agora sem motivação definida. Um dia, deixei-me ficar numa choça escura, deitado, à espera de um possível auto-aniquilamento. Aguardei neste estado, por longo tempo, com a intenção de perder a própria consciência, mas não obtive sucesso. Certa vez, lembrei-me das pregações de um velho padre de minha paróquia, no mundo terreno. Suas palavras surgiram em minha mente e determinada frase se repetia incessantemente: ‘O céu é o caminho do bom cristão…’.
Levantei-me tropegamente e pensei, pela primeira vez após a morte do meu corpo carnal, que Deus poderia ajudar-me. Quem saberia dizer-me? Tentei orar, mas as palavras certas eu já as tinha esquecido. Tive vergonha e chorei. Eu era um ser desprezível. Grossas lágrimas percorriam meu rosto decrépito. Minhas forças eram mínimas. Porém, neste momento de autocrítica, uma luz surgiu sobre mim, seguida de uma suave voz: ‘ Meu filho! Venha até nós!’ Uma invencível força me atraía para aquela voz, ao mesmo tempo que sentia minhas energias retornarem, como se estivesse rejuvenescendo. Caminhei, ainda cambaleante, mas resoluto na minha vontade de sair daquele estado deplorável. Fui resgatado por boníssimos amigos espirituais.
Hoje, espero uma chance de voltar à Terra. É difícil e constantemente perco a coragem. Contudo, espero que minha história sirva como exemplo a não ser seguido, por aqueles que têm pouca vontade de vencer os obstáculos da vida.”   Rodrigo  19/04/1995
(Pablo de Salamanca, médium, Depoimentos do além,p. 6-7)
Ninguém é condenado eternamente. Deus em sua infinita bondade e misericórdia dá-nos infinitas chances de recuperarmos o tempo perdido, basta que busquemos o auxilio da oração.
Nesse momento somos regatados e conduzidos para hospitais no plano espiritual a fim de nos refazermos e nos prepararmos para mais uma  etapa evolutiva em uma nova vida no plano material.

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