“Nasci
em 1820, na terra chamada Brasil. Fui educado em França, acostumando-me ao bom
vinho e às pessoas de “alta estirpe”.
Quando
retornei às terras tropicais de origem, surpreendi-me com os homens de pele
escura, escravizados de forma tão vil. Já no porto onde desembarquei, tive
grande má impressão, ao ver os negros carregando pacotes sob os impropérios de
capatazes de pouca gentileza. Contudo, não demorei muito a acostumar-me à situação,
pois revoltar-me era esforço demasiado para mim, um homem de ‘fino trato’.
Voltei para a soberba fazenda de minha família, envergando o título de doutor
da ciência médica. Tal fato era para mim de pouca valia, porque o dinheiro era
farto e real vocação para a profissão eu não tinha.
Conheci
minha amada alma gêmea numa tarde de verão, sob a sombra de árvores frutíferas,
ao redor da casa de meus genitores. Era doce figura, bela como o sol da manhã.
O amor que sentia por ela era profundo, em nada parecendo com a
superficialidade que cultivava em terras europeias. Pela primeira vez, nutri um
sentimento forte o suficiente para me arrebatar. A correspondência de minhas
intenções logo se fez e nos amamos por alguns meses, como num sonho excelente.
Porém, suprema desgraça! A tuberculose maldita roubou meu amor de meus braços,
qual foice a podar tenro broto indefeso. Desolado, afoguei minha grande e funda
mágoa nas noitadas e casas da vida. Miserável, espoliei os recursos paternos até
a última gota e, quando dei por conta, já era um pária tuberculoso. Perdi minha
vida e, para cúmulo de desgraça, caminhei perdido por longos anos à busca da
razão do meu ser. Um nada foi o resultado dos meus ingentes esforços, pois
encontrei-a na forma de uma criança. Ela estava reencarnada.
Como
não poderia mais tê-la, então continuei minha peregrinação, agora sem motivação
definida. Um dia, deixei-me ficar numa choça escura, deitado, à espera de um possível
auto-aniquilamento. Aguardei neste estado, por longo tempo, com a intenção de perder
a própria consciência, mas não obtive sucesso. Certa vez, lembrei-me das
pregações de um velho padre de minha paróquia, no mundo terreno. Suas palavras
surgiram em minha mente e determinada frase se repetia incessantemente: ‘O céu
é o caminho do bom cristão…’.
Levantei-me
tropegamente e pensei, pela primeira vez após a morte do meu corpo carnal, que Deus
poderia ajudar-me. Quem saberia dizer-me? Tentei orar, mas as palavras certas
eu já as tinha esquecido. Tive vergonha e chorei. Eu era um ser desprezível.
Grossas lágrimas percorriam meu rosto decrépito. Minhas forças eram mínimas.
Porém, neste momento de autocrítica, uma luz surgiu sobre mim, seguida de uma
suave voz: ‘ Meu filho! Venha até nós!’ Uma invencível força me atraía para
aquela voz, ao mesmo tempo que sentia minhas energias retornarem, como se
estivesse rejuvenescendo. Caminhei, ainda cambaleante, mas resoluto na minha
vontade de sair daquele estado deplorável. Fui resgatado por boníssimos amigos
espirituais.
Hoje,
espero uma chance de voltar à Terra. É difícil e constantemente perco a coragem.
Contudo, espero que minha história sirva como exemplo a não ser seguido, por aqueles
que têm pouca vontade de vencer os obstáculos da vida.” Rodrigo
19/04/1995
(Pablo de
Salamanca, médium,
Depoimentos do além,p. 6-7)
Ninguém
é condenado eternamente. Deus em sua infinita bondade e misericórdia dá-nos
infinitas chances de recuperarmos o tempo perdido, basta que busquemos o
auxilio da oração.
Nesse
momento somos regatados e conduzidos para hospitais no plano espiritual a fim
de nos refazermos e nos prepararmos para mais uma etapa evolutiva em uma nova vida no plano material.
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