“Minha história é triste e miserável! O meu nome, não quero lembrar!
Nas agruras da vida esqueci completamente da existência de Deus. Sou, hoje, um exilado da felicidade.
Minhas
doces ilusões de outrora se foram.
Quando
na Terra, sofri os dissabores daqueles que amam de forma louca e apaixonada.
Não
fui correspondido, para minha suprema desgraça. Só saberão a intensidade desta
dor, aqueles homens que passaram pelo mesmo problema. Posso afiançar que não há
algo mais humilhante do que ser rejeitado, e, mesmo assim, continuar amando a
mulher que não quis abrir o seu coração.
Destruí
a minha vida, tentando provar ao infeliz espírito feminino, que eu a amava. De certa
forma eu a culpo, pois as mulheres quando sabem ser amadas sentem que têm um
poder muito grande, transformando, muitas vezes, seus admiradores em dóceis
vítimas de sua vaidade. São como o escorpião, que cercando sutilmente suas
presas, injetam o veneno apenas na hora que lhes apraz.
Hoje,
debato-me ainda em sonhos loucos à busca da pessoa que amei, com profunda paixão.
Às vezes, tenho pesadelos acordado, embora saiba que o objeto de minha adoração
não está próximo. Gostaria muito de pedir-lhe perdão pela violência que cometi.
Acabei com a sua vida, impiedosamente, num momento de loucura. Seu desprezo
persistente por mim eram doloridos como punhaladas, o que transformou minha
paixão submissa e covarde em
desvario
sem limite. A imagem da bela criatura sem vida, nos meus braços, destruiu meus sonhos
de rapaz, retornando ainda à minha mente com constância.
Não
muito tempo depois de cometer o hediondo crime, tirei a minha própria vida, acumulando
um peso maior na consciência. Vaguei em vales sombrios, tendo como perseguidora
implacável, a lembrança da fina dama. Cambaleava por caminhos viscosos e lotados
de homens e mulheres sem destino. Os gemidos enchiam o ambiente, onde, em primeiro
plano, se ouvia um coro de lamentos infernal.
Após
muito tempo, fui transferido para um lugar melhor, através do auxílio de boas almas.
Contudo, ainda busco-a. Minha suprema ventura seria encontrá-la para implorar
que me perdoasse. Não posso mais viver sem ouvir de sua própria boca o perdão
pelo grande erro.
Esta é a minha história,
a de um homem sem nome e sem ânimo para prosseguir.”
(Espíritos diversos, Depoimentos do além, p. 10)
Em todas as circunstâncias, melhor é
manter a sensatez!
As paixões desenfreadas levam ao
desatino,
à perda da autoestima, ao desequilíbrio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você está livre para fazer comentários