terça-feira, 18 de setembro de 2012

A PAIXÃO


“Minha história é triste e miserável! O meu nome, não quero lembrar!
 Nas agruras da vida esqueci completamente da existência de Deus. Sou, hoje, um exilado da felicidade.


Minhas doces ilusões de outrora se foram.
Quando na Terra, sofri os dissabores daqueles que amam de forma louca e apaixonada.
Não fui correspondido, para minha suprema desgraça. Só saberão a intensidade desta dor, aqueles homens que passaram pelo mesmo problema. Posso afiançar que não há algo mais humilhante do que ser rejeitado, e, mesmo assim, continuar amando a mulher que não quis abrir o seu coração.
Destruí a minha vida, tentando provar ao infeliz espírito feminino, que eu a amava. De certa forma eu a culpo, pois as mulheres quando sabem ser amadas sentem que têm um poder muito grande, transformando, muitas vezes, seus admiradores em dóceis vítimas de sua vaidade. São como o escorpião, que cercando sutilmente suas presas, injetam o veneno apenas na hora que lhes apraz.
Hoje, debato-me ainda em sonhos loucos à busca da pessoa que amei, com profunda paixão. Às vezes, tenho pesadelos acordado, embora saiba que o objeto de minha adoração não está próximo. Gostaria muito de pedir-lhe perdão pela violência que cometi. Acabei com a sua vida, impiedosamente, num momento de loucura. Seu desprezo persistente por mim eram doloridos como punhaladas, o que transformou minha paixão submissa e covarde em
desvario sem limite. A imagem da bela criatura sem vida, nos meus braços, destruiu meus sonhos de rapaz, retornando ainda à minha mente com constância.
Não muito tempo depois de cometer o hediondo crime, tirei a minha própria vida, acumulando um peso maior na consciência. Vaguei em vales sombrios, tendo como perseguidora implacável, a lembrança da fina dama. Cambaleava por caminhos viscosos e lotados de homens e mulheres sem destino. Os gemidos enchiam o ambiente, onde, em primeiro plano, se ouvia um coro de lamentos infernal.
Após muito tempo, fui transferido para um lugar melhor, através do auxílio de boas almas. Contudo, ainda busco-a. Minha suprema ventura seria encontrá-la para implorar que me perdoasse. Não posso mais viver sem ouvir de sua própria boca o perdão pelo grande erro.
Esta é a minha história, a de um homem sem nome e sem ânimo para prosseguir.” 
(Espíritos diversos, Depoimentos do além, p. 10)

Em todas as circunstâncias, melhor é manter a sensatez!
As paixões desenfreadas levam ao desatino,
                                                                                   à perda da autoestima, ao desequilíbrio! 

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