Quero relatar a minha última passagem pela Terra e vou usar a plena verdade para isso.
Pertenci a um
agrupamento de fanáticos religiosos, que localizava as suas atividades em
paragens bem além de vosso país. Ainda hoje, recordo em cores muito vivas as atrocidades
cometidas em nome de Deus. Vivíamos com a única intenção e objetivo de propagar
nossas verdades pessoais para o mundo, considerado por nós como pagão. Quem não
comungava de nossas interpretações das escrituras sagradas, não era considerado
tão filho de
Deus como nós,
sendo muitas das vezes tachado como inimigo.
Além dos
ensinamentos de nossa doutrina, estudávamos outras religiões, buscando comprovação
da superioridade das ideias que regiam a nossa seita. Um ponto central era o da
Justiça Divina. Éramos rígidos defensores do “olho por olho, dente por dente”.
Embora a Bíblia não fosse o nosso livro sagrado, algumas passagens deste antigo
texto eram bem aceitas por nosso grupo.
Aqueles que
combatiam ostensivamente os nossos preceitos eram, sem a menor dúvida ou
questionamento, contrários a Deus. Deveriam, por isso, serem convertidos à
força, ou simplesmente eliminados caso rejeitassem a conversão.
Após muitos anos
de luta contra outras formas de pensamento, a nossa seita adquiriu muitos
adeptos. Com o crescimento, passou a fustigar novas regiões à busca de
expansão.
Porém,
encontramos outra seita cuja doutrina apresentava algumas diferenças com
relação a nossa. Os integrantes deste outro grupo detinham o mesmo fanatismo
que nós e o choque foi inevitável. Com os mesmos aspectos de brutalidade com
que executávamos nossos adversários, nós fomos destruídos.
Nós vagamos por
muito tempo no mundo, sem a roupagem física, revoltados com o nosso destino.
Encontramos amparo longe de nossa terra natal, numa organização do plano espiritual
situada sobre a vossa nação.
Recebemos
esclarecimentos acerca da necessidade de perdoar, evitando o julgamento dos
semelhantes conforme a severa lei de Talião. Muitos de nós rejeitamos de pronto
a sugestão recebida, pois não se desejava abrir mão da vingança, como forma de
justiça permitida por Deus. Eu fui um dos que cedeu neste ponto de vista e hoje
tenho a tarefa de resgatar meus antigos companheiros, que permanecem vagando
pela Terra, agora tentando
inspirar homens
encarnados para que aceitem estes ideais menos nobres. Trabalho incessantemente
para apagar da minha consciência os erros do passado. Tenho ainda muito que
caminhar na senda da evolução.
Aprendi
dolorosamente que alcançar a Deus não é possível através do ódio e rancor ao próximo.
Isto não é servir a Deus. O extremismo e a intolerância religiosos, ou de
qualquer outra espécie, são contra a Lei de Amor, que é a base de tudo. Se não
podemos ainda amar o semelhante, creio que devemos pelo menos respeitá-lo, para
que este respeito possa crescer e um dia transformar-se no amor pregado por
todas as religiões verdadeiras do planeta.
Um amigo
espiritual 16/05/1995
(Diversos
espíritos, Depoimentos do além p. 23-24)
Errar
é humano.
Reconhecer
o erro e concertá-lo, é nobre, dá provas de humildade,
uma
das virtudes mais difíceis de se conseguirem...
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